Fabiana Ribeiro


A simplicidade e o amor pelo conhecimento nos aproximam

terça-feira, 29 de março de 2011

Risco e estilo de vida saudável

Não poderia deixar de inserir no blog, uma leitura que não foi indicada, mas cujo tema surgiu na última aula do professor Estelita (28/03) e que me despertou o interesse de conhecer melhor: a questão do conceito de risco para a ciência e como tem sido construído o conceito de risco na epidemiologia. me deparei com o livro " Correndo o risco: Uma introdução aos riscos em saúde" organizado por Luis David Castiel, ed. fiocruz,2010." da coleção temas em saúde, na livraria da abrasco e resolvi comprar. Os autores fazem uma análise sobre o risco na epidemiologia, onde a ocorrência de alguns eventos pode ser projetada para o futuro através da medida de probabilidade(quantitativamente). Cita a epidemiologia de transmissão como aquela em as causas do risco são atribuídas aos microorganismos e que com a emergência das doenças não transmissíveis surge então a epidemiologia de risco que resgata uma abordagem comportamentalista, onde o sujeito passa a ser culpabilizado por sua saúde.Ao mesmo tempo nos alerta que as questões surgidas apartir do advento da epidemiologia de risco devem ser analisadas criticamente, visto que ela não dá conta das relações sociais e do comportamento individual ao criar sua regras para o comportamento das pessoas. " os risco são quantificações de perigos e ameaças que só podem ser realmente conhecidos quando submetidos ao crivo dos condicionantes socioculturais." O que verificamos é o discurso do risco, da responsabilização individual, onde ter estilo de vida e possibilidades de escolha (discurso da vida ativa)é fator de proteção contra os riscos de adoecimento.Mas o que é risco para cada um de nõs? o que é risco para pessoas em contextos de pobreza e miséria? " muitas pessoas não escolhem o estilo de vida que levam. na verdade não há opções disponíveis, apenas estratégias possíveis de sobrevivência". Fatores como as relações e os contextos de vida, acesso a bens e serviços são determinantes para a definição de padrões de adoecimento. Essa proposta de promoção da saúde voltada para a epidemiologia do risco tende a legitimar o discurso dominante. Ao reforçar a responsabilidade do indivíduo em ter uma vida ativa com atividades físicas regulares, sem o sedentarismo ditando as normas, parece desresponsabilizar as políticas quanto ao seu papel na promoção da saúde, ao mesmo tempo em que gera um alívio coletivo (afinal de contas podemos individualmente fazer algo para nos afastar dos riscos á nossa saúde)e reduz os gastos com as políticas públicas. Considero interessante o fato de que o autor discute criticamente as condições de vida e de adoecimento das pessoas como fruto de um sistema que gera e se reproduz a partir da exclusão e da pobreza. Os determinantes sociais da saúde deveriam aprofundar mais essa discussão. Afirma que a teoria do estilo de vida é extremamente compatível com a política econômica de ajuste fiscal.Precisamos estar atentos a essas roupagens que a epidemiologia do risco pode assumir. Isso gera ainda mais riscos e incertezas. Por que as decisões humanas não saõ pautadas em dados racionais apenas. O conceito de risco é construído socialmente.

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